segunda-feira, 6 de maio de 2013
Ministra quer que PF investigue morte de moradores de rua Em nove meses, foram trinta assassinatos em Goiânia; para procurador-geral de Justiça de GO, casos não configuram ação de grupo de extermínio
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (SDH), disse em nota que formalizará na manhã
desta quarta-feira o pedido de federalização dos crimes praticados
contra moradores de rua em Goiânia. De acordo com a secretaria, em nove
meses, trinta moradores de rua foram assassinados na capital de Goiás. O
Ministério Público do estado trabalha com um número total de 29
inquéritos e descarta a ação de um grupo de extermínio e diz que crimes
têm relação com disputa por drogas. O documento será entregue ao
procurador-Geral da República, Roberto Gurgel.
A ministra apresentará um levantamento realizado pela SDH com supostas
deficiências dos inquéritos da polícia e de circunstâncias relevantes
que, na visão da ministra, não foram denunciadas ao Ministério Público.
Será feito o pedido de deslocamento de competência dos casos para a
esfera federal.
Proposta incabível – Nessa terça-feira, o
procurador-geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado Nogueira, afirmou
que a proposta da secretária é incabível. Segundo ele, os casos de morte
de moradores na cidade não configuram ação de grupo de extermínio.
Para o procurador, a medida da Secretaria pressupõe a omissão por parte
do estado de Goiás, o que não seria verdade. Em nota publicada no site
do Ministério Público de Goiás, Nogueira informou que as mortes
ocorreram de maneiras diferentes. Ainda segundo o procurador, treze
suspeitos já estão presos, sendo que onze deles são responsáveis por
apenas um homicídio. Outros quatro mandados de prisão teriam sido
expedidos o que, segundo o MP, significa que dezessete casos já foram
solucionados.
Entenda o caso – Na madrugada de terça-feira, foi registrado o
29º homicídio contra moradores de rua, quando um homem, ainda não
identificado, acabou esfaqueado em uma calçada do Setor Coimbra, bairro
de Goiânia. Um dia antes, outro sem-teto foi baleado e está em estado
grave no Hospital de Urgências da cidade. Desde o início do ano, a
capital goiana vive uma onda de criminalidade contra moradores em
situação de rua.
A polícia entende que ambos os casos têm relação com drogas. "São
pessoas que moram nas ruas e usam drogas, principalmente o crack", disse
nesta terça-feira o delegado Murilo Polatti, da Delegacia de
Investigações Homicídios (DIH). Segundo ele, dezoito mortes estão
relacionadas às disputas por drogas. Ele também descartou a ação de um
grupo de extermínio.
As mortes ocorrem em série, e os moradores de rua estão sendo
assassinados a tiros, facadas, pauladas e espancamento. "Não se trata de
a Polícia Federal entrar ali para dar apoio ao estado. Trata-se de
verificarmos se em Goiânia nós temos no tecido do estado o envolvimento
de pessoas com o crime organizado", disse a ministra Maria do Rosário.