terça-feira, 24 de março de 2015
Encontro será em 2016. Embaixador do país na ONU, Antonio Patriota disse à Rádio ONU que eleição ocorre em um ano importante, quando as Nações Unidas adotarão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O Brasil foi eleito na sexta-feira (20) para presidir a próxima sessão
da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW, na sigla em inglês). A 59ª
sessão do encontro, que cobre 167 países, durou duas semanas, na sede da ONU em
Nova York, e contou com contribuições de governos e da sociedade civil.
O encontro analisou o progresso
da agenda sobre igualdade de gênero nos últimos 20 anos, quando é marcado
também o 20º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre Mulheres em
Pequim. Em entrevista à Rádio ONU, o embaixador do Brasil, Antonio
Patriota, lembrou que a liderança brasileira ocorre num ano importante para a
Organização, que adotará também os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“O Brasil assume a presidência da
CSW-60 em momento em que as Nações Unidas se organizam em torno dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável, que é um desdobramento da Conferência Rio+20,
realizada no Rio de Janeiro. Eu estava presente na Rio+20, e poderei agora presidir
a CSW e trabalhar para que todos os objetivos relacionados a gênero dessa nova
agenda transformadora de desenvolvimento possam ser alcançados dentro dos mais
breves prazos.”
Durante o evento, os
participantes ressaltaram que apesar de progressos, líderes mundiais não teriam
feito o suficiente para atuar na Plataforma de Ação. O Brasil já preside a
Comissão de Consolidação da Paz, considerada uma das mais importantes da
Organização.
Governos aprovam novos papéis
para a Comissão
A Comissão da ONU sobre a Situação
das Mulheres concluiu sua 59ª sessão anual também na sexta-feira (20) com um acordo dos Estados-membros da ONU sobre a adoção de medidas
para aumentar os seus esforços para promover a igualdade de gênero e o
empoderamento das mulheres.
Os governos concordaram com novos
métodos de trabalho para a Comissão, tendo a Declaração e o Plano de Ação de
Pequim como documento de referência, além de reforçar o seu papel na elaboração
da política global e coordenação de ações em torno de implementação. Afirmaram
a Comissão como ponto central das para a definição da agenda do desenvolvimento
sustentável pós-2015, prevista para adoção por uma cúpula mundial de chefes de
Estado e de governo, em setembro deste ano.
Como principal instância da ONU
para fazer avançar compromissos intergovernamentais para a igualdade de gênero
e acompanhamento da Plataforma de Pequim, a Comissão irá alinhar
ainda mais o seu trabalho com o
Conselho Econômico e Social (ECOSOC) e o novo Fórum Político de Alto Nível das
Nações Unidas. A expectativa é reforçar os esforços para integrar a igualdade
de gênero em todos os debates e ações globais para o desenvolvimento
sustentável.
Devido à intensa presença de
ministras e ministros de governos na 59ª CSW, os Estados-membros concordaram em
criar um segmento ministerial a partir da próxima sessão, em 2016. Espera-se
aumentar a visibilidade das preocupações atuais e as oportunidades para
demonstrar o compromisso político de alto nível para a oferta de progresso
acelerado em direção à igualdade de gênero, empoderamento e a plena realização
dos direitos humanos das mulheres.
Parabenizando os Estados-membros,
a sociedade civil e o sistema da ONU por “uma sessão de forte, dinâmica e
voltada para o futuro”, a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile
Mlambo-Ngcuka, disse em seu discurso: “Estamos todas e todos conscientes de que
não há atalhos para a realização da igualdade de gênero, o empoderamento das
mulheres e os direitos humanos das mulheres e meninas. Com base no caminho que
percorremos, sabemos que há mais desafios pela frente. Sabemos que temos de
continuar a trabalhar, de forma sistemática e sem descanso, para provocar uma
transformação nas nossas famílias, sociedades, economias e espaços políticos e
públicos”, acrescentou.
Os governos concordaram em
melhorar o foco sobre o tema em avaliação anual na CSW. Serão produzidos
estudos de caso para demonstrar as lições aprendidas na implementação dos
compromissos feitos em sessões anteriores da Comissão. O secretário-geral da
ONU apresentará um relatório sobre esses progressos temáticos, com base em
dados nacionais e outros insumos.
O processo vai ajudar a verificar
as lacunas entre as promessas feitas e a mudança mensurável, além de oferecer
provas concretas sobre como as normas internacionais podem ser traduzidas para
fazer uma grande diferença na vida de mulheres e meninas.
A 59ª sessão da CSW incluiu uma
série de mesas-redondas de alto nível e painéis sobre temas críticos que vão
desde o financiamento escalado para a igualdade de gênero, as responsabilidades
e homens e meninos e a melhoria na produção de dados desagregados por gênero.