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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Marcha reunirá 20 mil mulheres negras brasileiras em Brasília nesta quarta-feira (18)

Encontro pedirá garantia de direitos já conquistados, pelo direito à vida e a liberdade, por um país mais justo e democrático e pela defesa de um novo modelo de desenvolvimento baseado na valorização dos saberes da cultura afro-brasileira. Marcha contará com a participação da diretora executiva da ONU Mulheres.

A Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver será realizada em Brasília, nesta quarta-feira (18), com concentração a partir das 9h no Ginásio Nilson Nelson. Reunirá cerca de 20 mil mulheres de todos os estados e regiões do Brasil para marchar pela garantia de direitos já conquistados, pelo direito à vida e a liberdade, por um país mais justo e democrático e pela defesa de um novo modelo de desenvolvimento baseado na valorização dos saberes da cultura afro-brasileira.

Além disso, o encontro tem o intuito de reafirmar a contribuição econômica, política, cultural e social das mulheres negras que construíram e constroem diariamente o Brasil. A marcha acontece no âmbito da Década Internacional dos Afrodescendentes 2015-2024 das Nações Unidas e do mês da Consciência Negra. Para o mesmo dia, está previsto uma sessão conjunta do Senado e Câmara Federal e uma audiência com a presidenta da República, Dilma Rousseff.

A diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex- vice presidenta da África do Sul também confirmou presença. São esperadas, ainda, as ativistas norte-americana Ângela Davis e Bell Hooks, entre outras referências internacionais na luta pela igualdade racial e de gênero.
A Marcha é uma iniciativa de diversas organizações e coletivos do Movimento de Mulheres Negras e do Movimento Negro, além de contar com o apoio de importantes intelectuais, artistas, ativistas, gestores e gestoras, comunicadores e comunicadoras e referências das mais diversas áreas no Brasil, América Latina e África.

Estarão presentes trabalhadoras rurais, catadoras de material reciclável, pescadoras, marisqueiras, quilombolas, estudantes, mestres e mestras da cultura tradicional, empreendedoras, yalorixás, entre outras mulheres negras dos diversos setores da sociedade.

A proposta da Marcha surgiu durante o Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI, realizado em 2011, em Salvador. A partir de então, mulheres negras e do movimento social de mulheres negras atenderam ao chamado e deram início as mobilizações para a Marcha. De 2011 até agora, foram realizadas diversas ações entre debates, oficinas, passeatas, eventos formativos, articulações em âmbito local, regional, nacional e internacional.

A agenda de debate proposta pelos movimentos sociais, especialmente, os de mulheres negras tem buscado refletir e incidir sobre o lugar da mulher negra na sociedade e os desafios da luta contra o racismo, a pobreza e a sub-representação nos espaços de poder e decisão. Temas relacionados ao mercado de trabalho formal e informal, produtivo, reprodutivo, enfrentamento à violência racial, física, psicológica, patrimonial e moral, à violência doméstica e sexual, genocídio da população tem sido discutidos e necessitam de respostas urgentemente, razão pela qual a Marcha será um espaço de formação e incidência política de grande importância para a conquista e a garantia de direitos das mulheres negras em todo o território nacional.

Por que marchar?

De acordo com o IBGE (2012), as mulheres negras representam 25% do total da população brasileira, o que corresponde a cerca de 49 milhões de pessoas. Apesar dos avanços das últimas décadas, como a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, as mulheres negras ainda amargam os piores índices no que se refere o acesso às políticas públicas de uma forma em geral.

Com a criação destes importantes órgãos no primeiro mandato do então presidente Lula, foi possível avançar no que tange o enfrentamento das barreiras para a igualdade de direitos. No entanto, as marcas das desigualdades e da segregação étnico-racial ainda sustentam modelos econômicos de caráter racista em todo o mundo, baseados apenas em seus interesses em manter a exploração e a opressão de determinados grupos sociais.

Quando mulheres vencem a barreira do desemprego, passam a vivenciar a divisão sexual do trabalho, a violência doméstica, o assédio sexual. As mulheres negras são ainda mais discriminadas, já que historicamente tem convivido com o desrespeito histórico ao seu corpo que ainda é violado e marginalizado, alimentando cada vez mais os índices de agressões, estupros e assassinatos. De acordo com o Instituto de Pesquisa Aplicadas – IPEA, 62% das vítimas do feminicídio são mulheres negras, grande parte vive em condições de subemprego, mesmo com formação escolar e capacitação e, ainda, respondem por grande parte da chefia das famílias.

Segundo o DIEESE, no trabalho formal, protagonizam uma amarga diferença salarial de cerca de 19% com a mulher não negra e de 46% se comparado com homens não negros. E, apesar dos avanços na legislação trabalhista, as mulheres que atuam no trabalho doméstico, cerca de 8 milhões de mulheres, não contam com as mesmas condições e oportunidades que os demais trabalhadores urbanos.

No que diz respeito à violência, dados do IPEA, entre 2009 e 2011, estimam que mulheres negras, jovens e pobres são as maiores vítimas da violência doméstica. No Brasil, 61% dos óbitos são de mulheres negras, as principais vítimas em todas as regiões do país, à exceção da Sul. Merece destaque a elevada proporção de óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%). Dados de 2012 apontam, ainda, que 63% das mulheres em situação de prisão são de mulheres negras.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 60% da mortalidade materna ocorre entre mulheres negras. No que diz respeito ao atendimento pelo SUS, 56% das gestantes negras e 55% das pardas afirmam ter realizado menos consultas pré-natal do que mulheres brancas. No que tange a amamentação, as orientações só chegaram a 62% das negras, enquanto 78% das brancas tiveram acesso.

Ressalta-se que no escopo das Metas de Desenvolvimento do Milênio, que propunha erradicar a mortalidade materna, o Brasil não conseguiu alcançar as metas, e o fator predominante para os altos índices se deu, sobretudo, por conta dos dados negativos da mortalidade materna das mulheres negras.

Além da Marcha, este prevista a realização de uma Feira de Empreendedoras Negras, debates, conferências, mostra cultural e shows no Complexo Cultural do Museu Nacional da República, no período de 13 a 17 de novembro.

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